Gostaria de comentar aqui duas afirmações que encontrei no artigo “Se oriente, rapaz”, de Marcos Vono, publicado no domingo 28, no Estadão. Tentarei refletir sobre elas relacionando-as a prática profissional docente. Bom, eis as afirmações:
“Competir no mercado de trabalho não é diferente de nenhuma outra disputa. O que torna alguém vencedor são seus resultados, não o seu potencial. Atingir resultados profissionais, porém, requer formação e persistência.”
“O grande desafio no início da carreira é aplicar consistentemente os conceitos assimilados no período de formação. É transformar conhecimento em competência por meio da experiência prática. Quando, pela falta de continuidade, a aplicação do conhecimento não gera resultados, não há a formação de competências.”
Devo ressaltar que o artigo é dirigido aos jovens que se iniciam no árduo caminho do mercado de trabalho com o intuito de construir uma carreira. Tal público deve fazer uma leitura distinta da que pretendo aqui.
O meu intuito é falar sobre o papel dos docentes na preparação destes jovens e na sua própria para participarem da competição de mercado, pois vivemos sob a lógica de mercado, tanto em nossa dimensão profissional como na dimensão dos resultados que são esperados de nosso trabalho, ou seja, a preparação do jovem para seguir tal lógica.
Teremos nós contribuído para a incapacidade dos jovens em persistir? Teremos nós a consciência da relação resultados-competências proposta pelo autor?
O que mais me impressionou nestas afirmações foi a desconsideração do “potencial” em função dos “resultados”, pois em nossa prática, incentivados pelas reflexões teóricas, somos levados a priorizar o potencial e não os resultados, o que nos leva a não incentivar em nosso alunos a valorização da “formação” e da “persistência”. Bem como a fórmula, quase matemática, de conhecimento + experiência prática = competência, que reafirma a preponderância dos resultados na formação das competências. Isto está tão distante da prática docente atual. O que me leva a pensar que a escola está seguindo um caminho diametralmente oposto ao do contexto de mercado onde nossos jovens deverão integrar-se.
Daí, pergunto-lhes: por que mesmo passamos a desprezar a capacidade de atingir resultados no ambiente escolar como um todo e passamos a não cobrar de nossos alunos que os atingissem?