sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Profissionalizar-se: tornar-se professor

O envolvimento com a educação nasce de uma imposição, pouco a pouco vai tornando-se oportunidade, até fazer parte inalienável de nossa identidade. Este é o caminho por que muitos de nós, cidadãos escolarizados, passamos. Alguns chegam a se identificar tanto com a educação que passam a fazer parte efetiva de seu processo, profissionalizam-se: tornam-se professor.

Identifico o termo “profissionalização” com “tornar-se professor” justamente para realçar a dimensão profissional do ser professor dentro de uma lógica de mercado à qual não podemos escapar. O termo profissionalização demanda uma série de características que priorizam a qualificação do sujeito de tal forma que só pode resultar numa melhoria na qualidade de ensino.

As palavras têm força. Elas carregam em si certo poder de assujeitamento, vide a imagem profissional evocada em qualquer um (sem intenção preconceituosa explícita e pessoal) de expressões como “professor eventual”, “OFA”, “Categoria F” e outras. Por mais que queiramos ver o professor de outra forma tais palavras designam uma posição, um valor, um conceito do profissional que é colocado sob qualquer um destes rótulos, que revelam a degradação profissional da docência.

Pense: “Que imagens, sentimentos e ideias evocam certas palavras muito usadas no meio educacional? E como você se posiciona frente a elas e as ideias por elas evocadas?”

Recomendo: Dois textos, um do António Nóvoa, O regresso dos professores, e outro do Phillippe Perrenoud, Os dez não-ditos ou a face escondida da profissão docente. Ambos são encontrados facilmente na Net. Já li o texto de Nóvoa, não diz muita novidade, mas vale pelo enunciador do discurso. Estou para ler o texto de Perrenoud, o título me instigou, espero que me revele tal face escondida.

Um comentário:

  1. Fran, lendo seu texto lembrei de um livro que também busca compreender o exercício da docência e dos processos de construção da identidade, profissionalidade e profissionalização do professor. A obra é "A autonomia dos professores", de José Contreras.Pelo que me recordo há uma discussão mais política, mas penso que vale a pena. Vou aproveitar as férias para reler...rs
    Abraços

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